Exposição individual realizada na Portas Vilaseca Galeria, Rio de Janeiro (RJ), 2015.
Curadoria por Fernanda Lopes.
Solo exhibition held at Portas Vilaseca Galeria, Rio de Janeiro (RJ), 2015.
Curated by Fernanda Lopes.
Desenvolvimento de uma barra em em colchete angular no espaço, 2014.
Developtment of an angle bracket into a space bar, 2014
Atlante #1, 2013.
Atlas #1, 2013.
Sem título (Espelho), 2011.
Untitled (Mirror), 2011.
Fúria Centrífuga (2015) e Fúria Centrípeta (2012).
Centrifugal Fury (2015) and Centripetal Fury (2012).
Escultura: verbo transitivo direto-indireto
Para André Terayama, escultura é verbo. É inevitavelmente o ato de apropriar-se de alguma coisa, de alguma maneira, em algum momento. É um conjunto de ações, com início, meio e fim, que tentam conciliar princípios como peso, equilíbrio, volume, massa, tempo e espaço. Que tentam manter juntos, em harmonia, elementos diversos, até então autônomos. Mesmo que seja uma harmonia temporária. A escultura se configura a partir do momento em que essa coexistência, esse compartilhamento se dá. Mesmo que essa seja uma coexistência nada pacífica. Mesmo que esse momento dure não mais que um instante.
As obras de André Terayama são durações, são testes de transposição de ideias para o mundo real, que só são possíveis de persistir no tempo em fotografia ou em vídeo. Em fotografias como Sem título (Espelho) (2011) e Atlante (2013), por exemplo, o corpo é testado em sua relação com a arquitetura e outros objetos (como o espelho). Como na mitologia grega, onde o titã Atlante (ou Atlas) é condenado por Zeus a sustentar os céus para sempre, o artista se mantem equilibrado no batente de uma porta, em uma fotografia ampliada na escala próxima de um para um, criando quase um duplo do real. No espaço da arte (aqui, a fotografia) esse momento dura para sempre, mas por quanto tempo foi possível sustentar aquela relação entre corpos e pesos no espaço do mundo real? Mesmo diante de imagens que não aparentam nenhum esforço ou embate entre corpos, é quase impossível não se fazer essa pergunta ou mesmo como foi possível chegar até ali e o que viria depois daquilo.
Em trabalhos mais recentes é possível perceber um interesse crescente do artista na construção de narrativas a partir das ações encadeadas umas nas outras. Em vídeos como Fúria centrípeta (2012) e Fúria Centrífuga (2015) – aqui apresentados como um díptico – a ação do artista também é o ponto central. No primeiro, a partir do tensionamento de um barbante preso ao chão em uma ponta e um pedaço de carvão atado a outra ponta, Terayama se desloca a partir dessa estrutura e esse deslocamento vai deixando um rastro gravado no chão com o carvão. No outro vídeo, o artista traça um círculo no chão enquanto gira em torno do seu próprio eixo. As linhas e a matéria do giz utilizado para traçar o círculo vão se acumulando, criando corpo, na superfície do chão.
Vistos separadamente, os dois trabalhos reafirmam o interesse do artista no vídeo como mecanismo de registro de uma ação, de permanência do efêmero. Vistos em conjunto, começam a apontar para uma investigação mais profunda das possibilidades dessa linguagem, criando narrativas mais complexas através da construção mais elaborada da cena, da ação, incorporando elementos como o som, ângulo e edição, por exemplo. Assim, a exposição PROPOSIÇÕES é um panorama dos últimos cinco anos de produção de André Terayama, mas também um indício do caminho que ele deve seguir a partir daqui.
Fernanda Lopes